Você já parou para pensar que, do ponto de vista de um viajante do espaço que se aproximasse do nosso planeta, a visão da Terra teria uma remota chance de coincidir com a nossa clássica representação da Terra, com a Europa e a América do Norte por cima e a África e a América do Sul por baixo? E se a orientação do suposto visitante fosse ao contrário? E se o oeste ou o leste estivessem no topo da sua visão.
A representação do mundo com o norte por cima está tão arraigada na nossa mente que não só acabamos não prestando atenção a essa convenção como uma mudança nessa maneira de entender o mundo pode ser perturbadora. Em 1973, um dos astronautas da Apollo 17 tirou uma foto da Terra durante uma viagem à Lua, onde o sul aparecia na parte de cima, porque foi tirada durante uma volta ao redor do planeta. Mas, para evitar confundir as pessoas, a NASA decidiu publicar a foto de cabeça para baixo.
Leia também:
- Edmilson Volpi: O surpreendente resultado da digitalização de um mapa de 430 anos
- Edmilson Volpi: Monstros marinhos, os buracos negros dos antigos mapas
- Edmilson Volpi: o mapa mais antigo da Terra Santa é um deslumbrante mosaico
De acordo com uma reportagem da BBC News, a razão pela qual convencionamos ver o norte em cima e o sul em baixo é uma mistura emocionante de história, astrofísica e psicologia. E que, em culturas antigas, não era bem assim.
Os chineses, por exemplo, que inventaram a bússola, as deixavam agulhas apontando para o sul, mais quente e desejável. O oeste também não era um lugar atraente, pois o Sol morria lá. No entanto, ao retratar mapas, o imperador, que vivia no norte, ficava no topo, e todas as demais localidades, abaixo, voltadas para ele. Por isso, o norte acabou no topo da cartografia chinesa.
Já os egípcios, que adoravam Ra, o Deus-Sol, colocavam o leste no alto dos seus mapas. Já nos primeiros mapas islâmicos, o sul ficava no topo, porque a maioria das cidades conhecidas estava ao norte da cidade sagrada de Meca. Pelo mesmo motivo, em alguns mapas cristãos da mesma época, o leste era o topo, pois quase toda a cristandade vivia a oeste de Jerusalém.
Veja a reportagem original aqui e a tradução no Curiosidades Cartográficas.
* Edmilson M. Volpi é engenheiro cartógrafo e editor da página Curiosidades Cartográficas no Facebook e Instagram
